domingo, 29 de julho de 2012
Me leva. Tô aqui pronta, as malas já estão feitas, não me importo se for uma semana ou três meses, só me leva com você. Diz
pra mim que eu posso fugir dessa minha vida e só voltar quando eu já
tiver uma solução para todos esses problemas, não me faça decidir entre
nada, não aguento. Não quero ter que responder nada, não quero falar
nada, só me deixa te abraçar enquanto a gente segue sem rumo nessa
estrada vazia. Não, eu não sei se a gente vira para a direita ou pra
esquerda logo ali, segue em frente. Eu sei, não tem estrada, não é
certo, mas eu também não ando sendo. Não escolhi entre nada, continuei
seguindo em frente como os livros de auto ajuda mandam, só que não
ajudou, estou entre dois caminhos que cada vez mais se aproximam da
minha linha reta e gritam para uma escolha final. Eu não quero escolher nada. Talvez eu chore um pouco, não assusta não, é que eu não sei lidar com tudo isso. É isso, admito.
Sou uma menininha fraca que quer um colo de mãe e uma conselho de vó.
Essas decisões são tão adultas, e eu ainda nem saí da casa da minha mãe.
Nem tenho dinheiro pra comprar um ingresso do cinema sozinha. Sei lá,
posso adiar? Mas aí os caminhos gritam pra mim, a vida me atormenta e me
tonteia querendo que eu cresça e tome as decisões já. Mas eu tô com
medo. Talvez outro alguém chore, e eu também continue chorando mais
ainda. E eu não aguento mais chorar. Eu não aguento mais sofrer
com palavras que deveriam me fazer sorrir, não aguento mais dar murro em ponta de faca. Já não consigo mais fingir, não consigo mais finguir que está tudo bem , porra não está tudo bem ! Então eu decidi fugir. Como
uma criança amedrontada que foge quando sabe que vai receber uma bronca
da mãe por ter quebrado seu vaso favorito, essa sou eu fugindo de algo
que eu sei que cedo ou tarde terá que ser resolvido. Um dia alguém
levanta o tapete e vê os cacos quebrados. E eu estou cheia de cacos
escondidos. Não tem como montar, a gente tenta e tenta, mas sempre acaba
se cortando ou quebrando em pedaços menores. No meu caso, me corto
sempre que tento me montar. Os cacos são grandes demais e sempre acabam
alcançando algum dos caminhos que me rodeiam, cortando-os e fazendo doer
em mim. Aí vem a culpa. Quem mandou tentar segurar dois vasos de uma
vez? Você não é tão forte, um sempre acaba quebrando. Eu só não queria
que eu quebrasse junto. Eu deveria ir contar pra minha mãe do vaso
escondido, mas ela vai ficar triste. E eu não quero que ninguém fique
triste. Os caminhos, eu já sei qual seguir, essa é a verdade, mas por
enquanto eu sigo em frente só pra ter tempo de seguir para a esquerda de
uma vez por todas. Eu não quero ver o da direita triste. Porque se ele
ficar triste, eu fico triste. O vaso, a culpa, o erro, os amores errados
misturados em amores certos, os medos, as dúvidas… É tanta entrelinha
que eu já nem sei se o da esquerda é quem eu quero que seja, e é tanta
dúvida que eu nem sei se é mesmo o da esquerda. Enfim, sigo em frente. A
estrada logo mais pede uma escolha, mas talvez eu dê ré e adie mais um
pouco essas minhas adultices, por enquanto eu quero ser essa adolescente
que finge saber de tudo, mas na verdade não sabe nada e morre de medo
da vida.
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